COMO SE FORMA UM HIPERTEXTO
Muitas vezes aquilo que se denomina de transmissão de informações é na realidade um meio para o individuo estabelecer um certo número de relações com o outro,isto é,uma autoafirmação de que pode ou que tem a capacidade manter contato com uma relação muito grande de outras pessoas e que possui uma grande relação de “amigos”. Nem sempre as informações transmitidas ou recebidas são de algum valor,profundidade ou mesmo reais.Lévy exemplifica esta questão quando um indivíduo faz um contato com um comerciante da esquina de sua rua.Ele pode ficar conversando durante algum tempo e no final da conversa não ter aprendido nada e vice-versa.Apenas o individuo confirmou para si e para outros que mantém boas relações “também “ com o comerciante. Outro exemplo que podemos dar é o transcorrer de uma reunião onde apesar da pauta pré-estabelecida,dependendo da forma de falar,agir,posicionar-se,o próprio silêncio de alguns participantes redireciona,muitas vezes,todo o conjunto de informações que seriam transmitidas.Cada partícipe contribui para uma mudança na situação,estabiliza e reorienta as percepções que o grupo forma de cada um,do próprio grupo e assunto.Lévy chama isto de plano das representações,isto é,o contexto é modificado de acordo com a interpretação das mensagens recebidas.Ele é p próprio alvo dos atos de comunicação.Cada intervenção sobre um contexto modifica este contexto,logo um contexto não é algo imutável.Um contexto é transformado a cada intervenção de um interlocutor e seus parceiros formando uma rede de nós formados de imagens e conceitos associados entre si. Quando falamos “maçã” seja para nós mesmos ou para um grupo podemos formar uma imensa rede associativa de imagens,modelos,sons,odores ,conceitos etc. que constitui o universo mental do grupo.Nosso universo mental pode ser reduzido (nosso contexto) mas o compartilhamento com os demais poderá ativar outros “nós” (pontos de associação) com força suficiente para mudar nosso contexto.Maçã traz o conceito de fruta,da imagem do fruto e suas formas,gosto e odor,os tipos deste fruto,sua localização geográfica de origem,a maçã de Newton,a maçã do pecado original,os doces de maça,enfim podemos formar uma rede de associações onde a simples palavra “maçã” está no centro deste emaranhado. Este processo complexo na realidade,que parte de uma única palavra,constitui um mundo de significação denominado de hipertextos.Ele está em constante construção,podendo permanecer por algum tempo estável,dependendo dos indivíduos da comunicação e suas interpretações,portanto é heterogênio colocando em jogo toda a capacidade de associações que podemos fazer.Possui uma multiplicidade de interpretações e provoca o estabelecimento de outros nós e redes associativas e possui um critério de escalas,onde o resultado pode atingir pequenos ou grandes grupos dependendo de sua precisão de interpretação.O crescimento,estagnação,composição ou recomposição depende da reação dos captadores (elementos terminais,os leitores) diante da informação recebida,não dependendo de um centro emissor e sim de múltiplos centros que se motivam por este ou aquele nó (na realidade,um assunto motivador da informação). Com as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) o hipertexto (esta complexa rede de informações dinâmicas) pode ser usada com sucesso em projetos coletivos na escola.Basta,como vimos anteriormente lançar uma palavra( no exemplo da maçã) e motivar os alunos para a criação de um hipertexto que envolverá as diversas disciplinas do currículo escolar onde os professores serão os mediadores das informações e da produção do conhecimento de cada um.Certamente a conversa entre professor e aluno e alunos entre si,em aulas compartimentadas não servirão para avaliar (falsamente) as boas relações destes ou daqueles professores com um maior ou menor número de alunos e da mesma forma os alunos.As relações entre educador e aprendiz serão de um conjunto de informações que conduzam a produção de um conhecimento que farão parte do contexto atual do aluno na sociedade onde está inserido.
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