Estou em vias de aposentadoria. São 36 anos de função pública na área da educação.
Nunca havia me imaginado na situação de deitar a noite e não ter a expectativa de um novo dia de trabalho.Todo aquele envolvimento de acordar cedo,ir para o trabalho,exercer as atividades para as quais fui designado ficaram para trás. Ouvi de muitas pessoas antes mesmo de chegar a esta fase que ansiavam por cumprir seu tempo de serviço e se aposentar para fazer viajar sem fronteiras, curtir mais a família, cuidar dos netos, enfim ter mais tempo.
Refletindo sobre tudo isto cheguei à conclusão que existem dois tipos básicos de aposentados: os que se aposentam por que seu tempo foi cumprido e aqueles que querem se livrar de sua atividade profissional.
Conclui que os primeiros param de trabalhar porque chegaram inevitavelmente ao término do tempo de exercício profissional e certamente descobrirão outra atividade que suas limitações de idade não vão afetar seu desempenho. Continuarão viajando, fazendo seu veraneio, curtindo a família e tendo tempo para dedicar-se aos seus descendentes como sempre fizeram. Nada vai mudar muito e muito tempo terão pela frente.
Já os do segundo tipo, que praticamente se livram do seu trabalho, continuarão amargos, sem tempo para viajar, isolado em meio a família, rabugentos com seus netos, contando histórias tristes. O pior estará com todo o tempo tomado em visitas constantes a seus médicos, exames laboratoriais e querendo se aposentar, sim, da vida. O incrível é que esta aposentadoria vem muito mais rápido.
Os primeiros são pessoas que sempre souberam viver e querem continuar vivendo de modo produtivo e feliz, os outros sempre foram pessoas amargas não com o seu trabalho, mas com a vida. Escrevendo isto, buscando outra forma de continuar produzindo, com a mente aberta me dou conta que faço parte do primeiro tipo de aposentado que vai ser útil por muito tempo àqueles que me rodeiam.
Autor:
RENATO HIRTZ
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