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segunda-feira, 23 de maio de 2011

CAUSO: A CARONEIRA

Blog de coisastantasderenatohirtz :COISAS TANTAS DE RENATO HIRTZ, CAUSO:    A CARONEIRA
     Lurdimila era uma funcionária de escola, solteirona, cheia de manias e fricotes. Sempre pintada de modo exagerado que lembrava mais uma máscara chinesa do que outra coisa.Não gostava de ser comparada com as outras colegas de função, pois tinha feito o supletivo de 1º grau e achava que estava num patamar acima das demais.Em vista disto, não ficava partilhava recreio com as colegas e sempre exigia atividades menos pesadas.Adorava ficar encostada no balcão da secretaria e de quando em quando se metia a dar informações e a despachar pais e outras pessoas que ali compareciam.
     Tinha uma mania que todos os colegas detestavam. Não se descuidava de escalar-se para uma carona e muitas vezes exigia a alteração de roteiro de quem lhe dava a carona, ou para vir para a escola ou para ir de volta a sua casa.Não esperava ser convidada e o pior, não colaborava com a vaquinha para a gasolina.E, morava a uns 10 minutos de ônibus da escola.
     No horário da saída dos alunos e professores, o pessoal que tinha carro e já possuíam seus caroneiros tratavam de ir logo embora (quase fugindo), pois a Lurdimila, mesmo com o carro lotado, pedia carona e dava um jeito de entrar e sentar-se de modo confortável.
     Paulo Emílio e Sérgio Ricardo eram dois jovens professores que faziam parte daquele sofrimento. Morando num outro município e nas proximidades do mesmo bairro iam sempre juntos de carro, alternando ora no carro de um ora no carro do outro para poupar combustível.Eram dois grandes gozadores e não perdiam uma chance de se divertir ou aprontar alguma brincadeira com os colegas.Nada de maldade, mas sempre estavam atentos para uma “pegadinha”.
      Os dois professores eram considerados excelentes, além disso, estavam sempre dispostos a colaborar nas atividades extraclasse, preocupados com o rendimento dos alunos, procurando trazer sempre novidades e atrativos para seus alunos. Os dois ainda estudavam na Universidade, trabalhavam outras escolas e tinham seus compromissos sociais como todo o bom jovem.
     Viviam, por isso, sempre com os horários preenchidos e voando de um lugar para o outro cumprindo com suas obrigações. Andavam sempre no limite de velocidade em seus fuscas a fim de cumprir com suas obrigações.
     Certa vez, saindo da escola, já com o fusquinha lotado (com outros dois caroneiros) foram barrados pela Lurdimila.
     -Professor Sérgio Ricardo, hoje o senhor não escapa de me dar uma caroninha. Podiam me deixar na praça central da cidade.Tenho um compromisso e não posso chegar atrasada.
     -Mas estamos com o carro lotado. Veja se outro professor não te leva para lá.Sérgio Ricardo não gostava de colocar mais de quatro passageiros no seu fusca, pois forçava muito a suspensão do carro e o consumo de combustível era maior.
     -Mas é só até o centro. E os outros professores estão com os caroneiros certos.E estou com pressa e eles se amarram muito para sair.
     E Lurdimila não espera resposta. Mete a mão no trinco da porta, empurra o banco do passageiro (com passageiro e tudo) e entra com seu traseiro grande dentro do fusca.Sentou é o modo de dizer.Ela despencou em cima dos dois colegas e os esmagou nas laterais do veículo.
     -Vamos professor. Estou com uma pressinha.Não posso me atrasar.
     Sérgio Ricardo, furioso com a situação e pronto para dar um fim naquilo tudo, arranca com o fusca acelerando tudo o que podia e imprimindo a velocidade máxima que o carro permitia. E já conhecedor da estrada fazia as curvas para direita e esquerda em velocidade e perícia de um piloto de provas. O fusca voava pela estrada que separa a escola do centro da cidade.
     A cada cantada de pneus, nas curvas, o silêncio dentro do carro aumentava.A conversa foi se extinguindo até que se fez um silêncio mortal. Lurdimila quase em sussurro bate no ombro do Sérgio Ricardo e diz:
     -Professor, eu estou com pressa, mas nem tanto. Pode ir um pouquinho mais devagar.
     -Esta é a velocidade normal que eu ando. E olha que hoje eu não estou com pressa. E Sérgio Ricardo continuava sua desabalada carreira até o centro da cidade. Na praça central ele para o carro com uma freada de queimar pneus.
     -Chegamos dona Lurdimila. Bem no horário.
     Neste momento um cheiro de urina toma conta do interior do carro. Todos se olham e Lurdimila branca como um papel, diz:
     -Não adiantou nada chegar no horário. Entra na próxima rua e me deixa em casa que eu “afrouxei as urinas” e tenho me trocar. 
    Sérgio Ricardo estava furioso, pois o banco traseiro do fusca estava molhado de urina, arranca com o carro, novamente, em desabalada carreira e para na frente da casa da Lurdimila.
     -Pronto. Amanhã eu trago a conta da lavagem do carro.Quando quiser outra carona é só pedir.
     Entre risos e lamentações pelo cheiro da urina que pairava no interior do carro, lá se foram os quatro professores aos seus destinos.,porém, tinham uma certeza:Lurdimila nunca mais iria pedir carona para eles.
     E assim aconteceu.

Autor:
Renato Hirtz

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