Por formação universitária desenvolvi,entre outras capacidades a da observação.Muitas vezes me pego observando atitudes,gestos,gostos,reações dos seres vivos e,entre eles,daqueles chamados racionais.
Durante duas semanas detive-me em observar expressões mais usadas pelas pessoas em conversas triviais ou de cunho profissional.Ao final do prazo que estabeleci para minha observação transcrevo aquelas que mais foram expressas por pessoas das mais variadas estirpes.Apenas relaciono as expressões que foram, utilizadas dentro de frases que serviam de argumento para concluir algum assunto.
- “...salário mínimo...”
- “...pelos menos não sai no prejuízo...”
- “...a nota mínima que preciso...”
- “...cobrei o mínimo possível...”
- “...estudei o mínimo necessário para ser aprovado....”
- “...no mínimo ele foi honesto na transação....”
- “...quero ter um mínimo de segurança...”
- “...no mínimo os políticos deveriam ser honestos...”
- “...no mínimo ele deveria ter vergonha de ....”
- “...pelos menos me deixaram vivo...”
- “...com meu salário pelos menos consigo pagar minhas dividas...”
- “...não era o que queria,mas ao menos consegui....”
- “...no mínimo minha filha seja modelo.....”
- “...que eu tenha,no mínimo,um canudo de faculdade....
- “...que meu marido no mínimo me trate bem....”
E por aí vão as dezenas de expressões que ouvi durante duas semanas.Não havia um compromisso de realizar um estudo científico.Eram pessoas com as quais travei contato em conversas que levaram de minutos até quartos de hora.
E onde fica a utopia,os sonhos e os projetos de vida ?As pessoas estão perdendo a capacidade de sonhar,de fazer planos,projetos e por eles lutar com o máximo de suas forças.Onde está à energia da ambição benéfica de chegar aonde se deseja ?Estamos sendo levados ao conformismo do nivelamento por baixo ?
Na sala de aula sempre disse aos meus alunos que nascer pobre não era defeito,morar em vila não era destino e que não se pagava nenhuma taxa em sonhar e fazer projetos para a vida futura.A burrice estava em não tentar. Encontro pessoas conformadas com o mínimo.É a lei do pequeno esforço que dita o futuro de muitos.Já me dei conta que pessoas chegam a citar quinze,vinte,trinta diminutivos em poucos minutos de conversa.Por exemplo,maridinho,casinha,dinheirinho,carrinho,mulherzinha,filhinho,servicinho,um biquinho,.....Tudo é mínimo.
Está na hora de começar a conquistar plenamente nossos direitos individuais e os coletivos.Esta faltando valorizar a si mesmo e ao outro.Eu não tenho uma esposinha...tenho uma esposa,mulher plena que soma comigo e juntos crescemos.Não basta o mínimo ! Não podemos nos contentar com um empreguinho.
Vamos batalhar para ter um emprego digno através do qual eu tenha condições de receber um salário ideal para que eu tenha condições de ter e dar bem estar físico,mental e social aos filhos (isto é saúde !).
Para isto temos que nos mexer,suar e deixar o comodismo do mínimo esforço de lado ou bem longe.Talvez,aí resida o grande nó da questão: querer o máximo ou aquilo que nos é de direito exige esforço,sacrifício,muito trabalho e suor !
Renato Hirtz
Fevereiro 2011
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