No meu longo trajeto do Camelódromo até o Tribunal, fico ouvindo música e analisando as belezas rústicas e sujas do centro de Porto Alegre. Caminhando no fervor de 35 graus do final de janeiro, sigo com meus passos largos e lentos pela Júlio de Castilhos. O formigueiro de pessoas descendo dos coletivos correndo em direção a Voluntários da Pátria, os mendigos deitados nas calçadas, buzinas, fumaça, assovios e os gritos das araras em uma sincronia sinfônica comum em toda grande cidade. Atravesso o Mercado Público como todos os seus aromas, muitas vezes enjoativos, de peixes de um lado e ervas de outro em meio à confusão de passos dos mais varia-dos ritmos.
Consigo achar Porto Alegre uma cidade bela mesmo com suas deficiências. Passando em frente à Prefeitura com suas pombas, seguindo para a Aveni-da 7 de setembro. Os belíssimos prédios tão puros e cheios de marcas da umidade e infiltração. Mais mendigos, mais formigas e mais fumaça. Atravessando a praça da Alfândega é possível sentir uma pitada do cheiro de rio que atravessa os edifícios e os carros vindo do Cais do Porto. E o suor é tão corrente como o Guaíba. A pouca vegetação do trajeto tenta amenizar com suas pequenas sombras em meio aos grandes edifícios, porem, em vão.
Chegando no trabalho, em meio, aos quartéis do Exercito, Brigada e Marinha, apago o cigarro olhando meu reflexo na porta de vidro e penso que ao abri-la, receberei o choque térmico do ar condicionado que ira deixar minha vida muito mais feliz acompanhada posteriormente por um belo resfriado em pleno verão.
André Luís Pereira
27/01/2011
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