Doutor Francisco era o nome do presidente do Círculo de Pais e Mestres de uma escola privada, comandada por uma congregação de freiras.Era uma instituição de porte médio, muito bem organizada e com objetivos bem definidos, tanto pedagógicos como administrativos.
Doutor Francisco era um médico bem afamado que dedicava parte de seu tempo colaborando com o colégio onde estudavam seus filhos.Organizava festas, almoços, jantares e atividades integradoras tanto para alcançar fundos para a construção de um novo pavilhão, como para a confraternização dos integrantes da comunidade escolar. Homem alto, com uma cabeleira grisalha, mito bem cuidada, barba bem aparada e de uma simpatia sem igual.Era incapaz de levantar a voz com quer se fosse, mesmo em situações difíceis.Sua calma era invejável e sua ponderação inigualável.Sabia conduzir um debate ou uma discussão de modo que ao final todos saiam satisfeitos.Era querido por todos e muito determinado, apesar de parecer lento em suas decisões.
Certa feita foi lançada a idéia de realizar-se uma quermesse com o intuito de arrecadar dinheiro para as reformas do refeitório, adquirir um fogão industrial novo e um forno elétrico.O forno a gás já era bastante velho e poderia acarretar algum perigo quando colocado em funcionamento. Imediatamente o Doutor Francisco e os demais participantes do CPM (Circulo de Pais e Mestres), reuniram-se para deliberar as ações que deveriam ser tomadas para que a atividade ocorresse com sucesso. Surgiram uma série de sugestões de bancas, tendas e outras atrações que dariam um diferencial a festa. O ponto culminante seria um almoço).
Distribuídas às funções de cada grupo entre pais, professores e alunos todos iniciaram suas programações.Como arrecadar brindes, construir suas tendas e barracas e assim por diante.
O grupo dos pais que formavam o CPM se encarregou de fazer o almoço. Eram em número de oito os integrantes da diretoria.Seis homens e duas mulheres.Reunidos, acertaram o cardápio que seria frango assado (no forno), lasanha, arroz branco e outros complementos.
Um dia antes do grande evento, a escola apresentava-se com um grande alvoroço.Todo o mundo se agitava preparando as tendas, barracas e a decoração do pátio.Todos trabalhavam com alegria e integração.
No outro dia pela manhã, bem cedo, o Doutor Francisco lá estava com uma roupa apropriada para o trabalho.Todos estavam ocupados em limpar os frangos, corta-los, coloca-los no molho temperado, montar as lasanhas, preparar o arroz e as saladas. A festa iniciou às oito horas com apresentações artísticas.As pessoas iam chegando e quermesse se animava aos poucos.
No refeitório da escola, Doutor Francisco dá a ordem para colocar os frangos e lasanha para assar.O forno deveria ser aceso.Lá foi o Doutor Francisco acender o forno e nada.O forno não acendeu.
-Deixa comigo, disse um outro pai.E abre o registro e ascende um palito de fósforo e nada.
-Acho que é problema no bico.Deve estar entupido. Mexe daqui e mexe dali e nada.Vai um e vai outro pai tentando acender o bendito forno e nada.Após várias tentativas, o Doutor Francisco resolve fazer a última. .Acende um palito de fósforo e se aproxima da boca do forno, com toda a calma e...
Houve-se um “bum” acompanhado de uma grande labareda de fogo que sai de dentro do forno.Com um grito o Doutor Francisco cai sentado no chão e ouve-se um coro de vozes dizendo “Oh!”. Todos correram em direção ao Doutor Francisco e a imagem que viram era extremamente cômica.
O Dr. Francisco branco como cera, estava sem sobrancelhas, cílios, barba e só com a metade do cabelo, da cabeça para trás.Estava literalmente depilado.Levado a um posto de saúde próximo foi constatado que nada de mais grave havia a acontecido, apenas uma pomada foi receitada para passar no rosto.
Ao retornarem para a escola e ao entrarem no refeitório, para espanto de todos, o forno estava aceso e pronto para ser usado. Doutor Francisco com sua tradicional calma olha para todos, com seu rosto lustroso devido à pomada e com uma cara de extraterrestre diz:
-Vamos lá pessoal !Ainda bem que só perdi os pelos da parte de cima!E a depilação nem doeu!
Autor:
Renato Hirtz
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