ESTE BLOG É NOSSO



Este blog tem como marco referencial a Educação.
O objetivo é ser uma fonte de informação,atualização,dicas,ponto de partida para consultas, reflexões, comentários, colaborações, histórias e causos que giram em torno do ensino, da aprendizagem, de toda a sua dinâmica e de fatos correlatos que influenciam todo este processo de alguma forma.


sábado, 28 de maio de 2011

Transgressão e mudança na educação - os projetos de trabalho

Por estarmos vivendo em uma época de grandes mudanças sociais, passou a ser função da escola não apenas a transmissão de conteúdos, mas ajudar a construir a identidade e a subjetividade de cada criança e adolescente, tanto como sujeito histórico, como cidadão, ensinando-os a elaborar estratégias e recursos para interpretar o mundo em que vivem, a escrever suas próprias histórias, respeitando as mesmas, as relações estabelecidas através das diferentes experiências culturais e os conhecimentos relevantes para eles.
 Como decorrência, pertinentes indagações têm sido apresentadas: a escola tem ajudado os alunos a estabelecer relações entre as diferentes matérias, partindo do que realizam em sala de aula? Os currículos têm sido elaborados respeitando os conhecimentos prévios e peculiares de cada comunidade escolar? Há uma preocupação especial com relação às concepções de ensino e aprendizagem em sala de aula?
Tais questionamentos estão correlacionados ao valor a ser dado à indagação crítica como estratégia de conhecimento, da educação para a compreensão, visto ser do consenso geral que o melhor caminho para se ensinar alguém a pensar e aprender compreensivamente é através da pesquisa, observação do contexto social ao qual o aluno pertence, além das estratégias elaboradas, que lhe permitam interpretar a realidade existente.
 Daí a ênfase dada pelo autor à organização curricular. Acredita que, aquilo que os alunos aprendem não pode ser organizado a partir de temáticas decididas por um grupo de especialistas disciplinares, mas sim, de conceitos ou idéias chaves, que vão além das matérias escolares e que permitem explorá-las, descobrir relações e interrogar sobre os significados das interpretações dos fatos.
Para Hernández, as disciplinas escolares nunca são um ponto de chegada, mas uma referência para o aprendiz orientar-se numa exploração mais ampla e incerta, já que o que aprende deve ter relação com a vivência de cada um, cabendo à educação possibilitar a aquisição de estratégias de conhecimento que permitam ir além do mundo como estamos acostumados a representá-lo, por códigos lingüísticos e sinais culturais estabelecidos e “dados” pelas matérias escolares e pela bagagem outorgada pelo grupo social ao qual se pertence, refazendo e renomeando esse mesmo mundo.

 O ensino da interpretação seria a parte central de um currículo, enfocando a compreensão, enfrentando o educador o duplo desafio de ensinar os alunos a compreender as interpretações sobre os fenômenos da realidade, a origem deles e, assim, compreender a si mesmos. Dessa forma, seria entendido que o conhecimento escolar não se “fixa” em verdades universais e estáveis e, sim, coloca aluno e educador, em uma atitude de incerteza frente a diferentes linguagens que se refletem nos saberes, nas disciplinas, nas matérias, processo este que dará sentido à realidade. Por isso, uma das grandes propostas deste livro é a de convidar os educadores a romperem com a idéia existente de classe e de organização da escola, por grupos de nível ou de idade, com um professor como a única fonte de conhecimento.
Os currículos escolares devem ser organizados partindo da priorização de projetos de estudo, com atividade docente diversificada, alunos agrupados a partir de temas ou problemas que irão pesquisar e não por questões de nível ou de idade. O tempo é planejado em termos de períodos de trabalho: início de uma semana ou quinzena, “espaços de trabalho”, sem a estrutura de aulas fechadas, mas, pela idéia de seqüencialidade e de organização de conteúdos, sendo cada sala de aula um cenário com uma cultura própria, não única, mas que vai se definindo mediante os diferentes discursos que são desenvolvidos e as diferentes situações encenadas. Isso favoreceria o reconhecimento das influências e representações mútuas entre as diferentes culturas, em diversas formas de conhecimento, para melhor construção da realidade. Trata-se de repensar a escola, entendendo que ensinar é: questionar toda forma de pensamento único e suas representações e verdades estáveis da realidade; incorporar uma visão crítica que induza o indivíduo a se perguntar a quem beneficia ou marginaliza essa visão dos fatos; estudar um fenômeno, destacando opiniões diferenciadas, para que o aluno comprove que a realidade se constrói a partir de pontos de vista diferentes; compreender que toda realidade corresponde a uma interpretação, não inocente, objetiva e nem científica, e sim interessada, pois ampara e media visões do mundo e da realidade conectadas ainteresses que quase sempre têm a ver com a estabilidade de um status quo e com a hegemonia de certos grupos.

Fonte: 

Nenhum comentário:

Postar um comentário