Depois
da geração Y dos anos 70/80 surge a partir dos anos 90 a geração Zapping. Sendo
uma nova forma de entrar em contato com o conhecimento e,por conseqüência
, manter uma relação interpessoal
diferente coloca-se como um desafio não só aos educadores como também ao
mercado de trabalho.
Numa ascensão extraordinária estes
jovens entram em contato com uma enorme facilidade com um uma carga violenta de
informações gerada pelo avanço da tecnologia que reúne de forma inesgotável
conhecimentos muito dinâmicos sobre todos os ramos da atividade humana
inclusive em relação aos seus contatos interpessoais. Alguns estudiosos e
especialistas no assunto tratam esta nova forma de crescimento quase insidioso como um problema complexo de
analisar onde uma avalanche de dados são
colocados diante do alunado ou mesmo de profissionais. Outros comparam esta
condição ao surgimento do iluminismo, do renascimento e de outras tantas
revoluções culturais em que o conhecimento ,antes de domínio restrito,passa a
ser de acesso público.
Explicando melhor, a geração zapping
é aquela cujo berço foi praticamente um computador, com um controle remoto de
TV como brinquedo, cresceu curtindo pequenos aparelhos eletrônicos, descobriu
os games, manipulou muito cedo um celular e teve que aprender a conviver e
dominar o avanço tecnológico voraz e veloz. Eles fazem parte de uma comunidade
que está conectada num turbilhão de informações que se somam numa rapidez
incrível, imediatas e que envolvem o mundo inteiro. Eles são peritos em zappear
informações minuto a minuto. Agem como um fã ardoroso de televisão que alterna
de canais a todo o momento. Na realidade ele está procurando programas que lhe
interessam ou chamem sua atenção.
A
grande preocupação dos pesquisadores, dos educadores e de pessoas envolvidas em
recursos humanos não é a quantidade de informações que este indivíduo entra em contato. A questão é da
forma como estas informações são codificadas e decodificadas. É a maneira como
este indivíduo trabalha e usa destes verdadeiros bancos de dados infinitos de
informações quando entra no game da vida real e tem que produzir dentro do
mercado de trabalho.
Até
a algum tempo, o máximo que tínhamos eram os gravadores, o vídeo - tapes e
algumas formas de reprisar uma informação. Claro, além dos livros que trazem
uma informação estática, na visão dos dias de hoje. A atenção aos noticiários, por
exemplo, deveriam ser acompanhados de muita atenção e anotações para não
perdermos o famoso “fio da meada”. Não havia
muitas alternativas de retomada de informações.Fatos ocorriam e não podiam ser
repetidos. Experiências e transformações não podiam ser reconstituídas. Tudo
isto levava a uma maior concentração diante de novos conhecimentos. Hoje o
conhecimento passa a ser facetado e superficial.O aprofundamento das questões
que envolvem novos conhecimentos são rápidos e focados no imediatismo da
informação. A síntese de muitos dados que se colocam a nossa frente de forma
imediata e simultânea gera um novo tipo de pensar o mundo. É uma forma intensa
e infinita provocando alternâncias de escolhas
que chamam a atenção ou que são mais interessantes. Fragmentadas estes
dados o educando torna-se suscetível aos apelos da globalização, zappeando ,por
conseqüência para aquilo que lhe é satisfatório. Desta forma traz para suas
relações pessoais o mesmo efeito do zapping. Ao se colocarem diante de uma
situação problema, algo desinteressante ou não apaixonante partem em busca em busca de outra
informação mais interessante. Partem do princípio de que podem tudo e de tudo
se livrar ao simples toque de um botão ou de uma tecla. Na escolha da profissão,
no mercado de trabalho e nas suas relações amorosas, inconscientemente, ocorre às
mesmas coisas. Tornou-se desinteressante certamentente ocorrerá uma troca de
canal.
E
como lidar com tudo isto? Voltamos a bater na mesma tecla. O acompanhamento
familiar. Tomar contato com toda a tecnologia é importantíssimo, mas regrar o
uso e a forma como, principalmente a internet pé usada é de importância
vital.Isto dá trabalho, mas a educação começa no primeiro ano de vida. Os pais
devem analisar com que profundidade e entendimento seus filhos estão usando
todo este manancial da Internet. Não devem deixa-la como babá de seus pimpolhos
como foi a TV nas gerações anteriores. Mesmo com todo o avanço não podemos
esquecer que esta geração Z inicia sua história de vida com fragilidade de
conhecimento e de discernimento do certo e do errado. Do real e irreal.Esta
geração é impelida a estabelecer relações interpessoais com um grande número de
“amigos”, de “seguidores” e de “fãs” pois participam das redes sociais desde
muito novinhos. Há vantagens e desvantagens neste processo. A vantagem é saber
lidar com as diferenças e divergências. Um fator nocivo é que introspectam a capacidade
de livrar-se, de bloquear ou eliminar o grupo, tribo ou contato como num passe
de mágica se estes não apresentarem mais interesse ou deixarem ser coniventes
com seus princípios .Perdem rapidamente a ideologia familiar ou a adquirem uma
ideologia de grupo. Nem sempre estes grupos são tão interessantes ou produtivos
para a sociedade. Passam a pensar como coletivo e muitas vezes perdem sua
individualidade.É papel dos pais iniciar todo um trabalho de conscientização
dos valores individuais e coletivos já na primeira infância, do direito de sua
individualidade, da participação em grupos e ter seguidores produtivos. A
continuidade deste processo se dará na escola que através da escolarização e da
educação deste indivíduo, pois educação é um processo de construção. O
professor não tem uma varinha mágica para descobrir as potencialidades
existentes no adolescente. Pais e educandos esperam da escola aquilo o mesmo
efeito Zapping quando deixam sob a responsabilidade da instituição de ensino expectativas
uma solução rápida, imediata e idealizada por eles para seu filho. Os educando
devem pensar seriamente sobre esta nova forma de aquisição de conhecimento e
como lidar produtivamente com ele para auxiliar o educando na descoberta de sua
identidade, de suas habilidades, seus gostos e suas preferências. Deve ensinar
que na vida sempre há escolhas e que não podemos fazer zapping de todas as
situações que nos incomodam. Pais e escola diante de tantas opções inebriantes
devem buscar formas para seus pupilos entenderem que a frustração é algo
inerente ao seu caminhar pela vida.
Muito antes do
conteúdo (ele está ao alcance de suas mãos, já falamos) o educando necessita orientações
e técnicas para aprofundar o entendimento deste mundo de informações e, a
saber, lidar com situações problemas que se apresentarão quando ultrapassar os
portões de sua escola.
(Renato Hirtz – junho de
2012)
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