Sou bom ouvinte.
E esta característica atraí pessoas que descarregam nos teus ouvidos todo o
tipo de assunto. Não me faço de rogado. Tendo disponibilidade paro e escuto.
Tudo que podemos ver, ouvir ou ler de uma forma ou de outra, por mais insólita
que seja, no final adiciona alguma parcela de conhecimento. Acrescento a este
poder de atração o fato de estar entrando na terceira idade e ter sido
professor. Ainda há resquícios de respeito e credibilidade pela profissão.
Caminhar
em direção ao supermercado de meu bairro proporciona encontros com várias figuras.
E num destes encontros falo com um cidadão que possui uma boa bagagem cultural.
Depois de vários assuntos comentados argumento quanto à possibilidade de ele
colocar em debate suas teorias sobre aquilo que achava correto até para chegar
a uma avaliação de suas posições. Sugeri as redes sociais e os grupos de
discussões específicos ou não, até porque é uma ferramenta interessante, pois
amplia ou consolida nossas opiniões. O cidadão com um ar de incredulidade
sorriu, fez um meneio e afirmou secamente que as redes sociais ainda não
serviam para este fim e ainda tínhamos muito que crescer para as pessoas
saberem o poder de informação e transformação que estes instrumentos de
comunicação possuíam. Concordei que ainda estamos longe ou muito perto do fim
de apenas “curtir” e “compartilhar”. Ainda é algo muito passivo, porém tínhamos
que tentar.
O
que me passou pela cabeça logo depois das despedidas é que não há valor nenhum
em termos conhecimento ou muito conhecimento sobre fatos, situações ou em áreas
do conhecimento humano se houver passividade. Não há acréscimo se não soubermos
ser eqüitativos entre o humor e a coisa séria. Qualquer assunto pode ser
debatido e o fato de ser debatido torna-o conhecido por um grande número de
pessoas. E quando cai no domínio público já ocorre uma forma de intervenção, pública.
Na discussão ou no debate, como queiram, sempre encontraremos os radicais, os
incrédulos, os chatos, os pernósticos, os soberbos e os que trazem conteúdo. Já
estamos diante de uma vitória se todos estes elementos participarem de um
debate sobre determinada questão. E ainda mais quando pudermos ter uma visão
diferente da que possuímos ou acrescentarmos novos embasamentos a nossa
avaliação. Todo este processo é uma forma de Educação. (Renato Hirtz – maio
2012)
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