Já comentei que não é
exclusividade da escola a responsabilidade da educação de um indivíduo. Mesmo
antes de iniciar sua escolarização ele já sofre um processo de educação que
poderemos chamar de informal.Isto é realizado através de sua convivência
familiar. Cabe a escola formalizar esta educação e dar continuidade a ela.
Da
mesma forma, o indivíduo chega à escola com uma determinada bagagem cultural
pelo fato de pertencer a um ambiente social, principalmente pela sua família. Ate
por que cultura por definição se refere à literatura, cinema, arte, costumes, as
leis, as ciências, crenças, valores morais e éticos, entre outros tantos. Ela é
o resultado de tudo que o homem, através
da sua racionalidade e inteligência, consegue executar. Cada povo e sociedade
possuem sua cultura por mais tradicional e arcaica que seja. Esses conhecimentos adquiridos são passados de
geração para geração através dos tempos. Ela transforma o ser humano para que
possa conviver em uma sociedade na qual está inserido ou lhe dá condições de
adaptar-se a diferentes culturas. ”Todas as pessoas têm cultura. Melhor
dizendo, todas as pessoas vivem de acordo com uma determinada cultura. A
cultura abrange a maneira de viver (agir, pensar e sentir) de um povo. Maneira
de viver que pode ter aspectos comuns e aspectos diferentes em relação à
maneira de viver de outros povos. A forma de organização social de um povo,
portanto, também parte de sua cultura.” (PILETTI, 1999, p. 210).
Chega-se
a conclusão, então que a cultura não é inata nos indivíduos. Adquire-se cultura
na convivência com o grupos ou os grupos com os quais compartilhamos
experiências. E a escola tem um papel importante no direcionamento desta
bagagem de cultura inicial objetivando o desenvolvimento dela durante a
escolarização. Na instituição de ensino o educando terá a conscientização da
importância da cultura através de sua convivência entre seus pares e
professores. Ali aprendem a lidar com as diferenças praticando a inclusão
cultural.
Neste
ponto lembro de uma das experiências vividas em uma das escolas que lecionei lá
pelos anos de 1990. Agravado o problema de indisciplina e, por conseqüência, o
baixo rendimento dos alunos saímos em busca de alternativas de solução. Estabelecemos
junto com os alunos, uma tarefa que deu muito trabalho, a filosofia da escola.Trouxemos
pessoas de fora da escola para auxiliar ativamente nas reuniões de grupos e de
níveis de escolaridade. Os pais foram chamados para tomarem conhecimento da
filosofia e das normas feitas em conjunto
e que seriam controladas pelo conselho de alunos,grupo formado pelos líderes de
turma. Partimos para um projeto multidisciplinar onde os alunos por turma, respeitando
a seriação, organizariam um seminário sobre assuntos que lhes despertavam a
atenção. Os professores orientavam toda a atividade, desde gráficos, mapas, textos,
cartazes e tudo mais que fosse necessário. O trabalho redobrou. Nos absorviam
muito mais do que numa “aula normal”. Da química à filosofia, não houve
professor que não se via convocado a participar e pelo próprio aluno. Raros
alunos não participavam efetivamente no trabalho. Esquecemos por um tempo o
diabólico “conteúdo programático”. A avaliação era permanente e cada professor
fazia suas observações. O resultado foi do “Métodos Contraceptivos” ,das
“Substâncias Químicas que você ingere nos alimentos”, “Profissões e
Oportunidades” e até questões de relacionamento humano e biodiversidade.
Reunidos no
salão da escola os colegas aprendiam a prestigiar e respeitar os trabalhos de
seus pares. Palestrantes convidados, por eles, acrescentavam informações aos
trabalhos. A mudança foi radical e proveitosa. Em outra ocasião, e por dois
anos consecutivos, realizou-se de forma multidisciplinar a Feira das Nações. Foi
excelente o resultado.
Sempre
defendi este tipo de atividade nas escolas pelas quais passei. A escola fazendo
a escolarização e a inclusão cultural de modo multidisciplinar. Particularmente
sempre trabalhei desafiando o aluno quanto a sua capacidade de produção e
realização pessoal. Com paciência e respeito pelo tempo do aluno, desafiá-lo a
chegar sempre mais alem, saindo da mesmice e do comodismo do “assim está bom”
gera resultados. Tenho a certeza, e vou dizer o óbvio, que a educação é
responsabilidade dos pais, da escola, dos gestores educacionais e dos gestores
públicos. Cabe a este conjunto promover mudanças eficazes nos indivíduos. Estas
mudanças devem proporcionar e facilitar o crescimento do homem e do ambiente
social onde está inserido. A escola deve possuir uma visão bastante clara do
meio social onde está inserida,o que esta população quer da escola e a forma como atingir os
anseios desta comunidade. Cada escola é uma identidade.Ela atende, normalmente,
uma parcela social específica. Cabe a ela promover “ a expansão dos horizontes individuais,
o desenvolvimento humano, além da observação das dimensões econômicas e o
fortalecimento de uma visão mais participativa, crítica e reflexiva dos grupos
nas decisões dos assuntos que lhes dizem respeito.”
“Daí
o ponto de partida, escolher a escola ideal é fazer uma breve análise de sua
história, é entender sua cultura, sua missão, sua filosofia pesando seus
objetivos e a aplicabilidade do ensino diante das especificidades e
necessidades sociais.” (Giuliano Freitas)
(Renato Hirtz – maio 2012)
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