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Este blog tem como marco referencial a Educação.
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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Cultura x Educação


           Já comentei que não é exclusividade da escola a responsabilidade da educação de um indivíduo. Mesmo antes de iniciar sua escolarização ele já sofre um processo de educação que poderemos chamar de informal.Isto é realizado através de sua convivência familiar. Cabe a escola formalizar esta educação e dar continuidade a ela.
            Da mesma forma, o indivíduo chega à escola com uma determinada bagagem cultural pelo fato de pertencer a um ambiente social, principalmente pela sua família. Ate por que cultura por definição se refere à literatura, cinema, arte, costumes, as leis, as ciências, crenças, valores morais e éticos, entre outros tantos. Ela é o resultado  de tudo que o homem, através da sua racionalidade e inteligência, consegue executar. Cada povo e sociedade possuem sua cultura por mais tradicional e arcaica que seja. Esses  conhecimentos adquiridos são passados de geração para geração através dos tempos. Ela transforma o ser humano para que possa conviver em uma sociedade na qual está inserido ou lhe dá condições de adaptar-se a diferentes culturas. ”Todas as pessoas têm cultura. Melhor dizendo, todas as pessoas vivem de acordo com uma determinada cultura. A cultura abrange a maneira de viver (agir, pensar e sentir) de um povo. Maneira de viver que pode ter aspectos comuns e aspectos diferentes em relação à maneira de viver de outros povos. A forma de organização social de um povo, portanto, também parte de sua cultura.” (PILETTI, 1999, p. 210).
            Chega-se a conclusão, então que a cultura não é inata nos indivíduos. Adquire-se cultura na convivência com o grupos ou os grupos com os quais compartilhamos experiências. E a escola tem um papel importante no direcionamento desta bagagem de cultura inicial objetivando o desenvolvimento dela durante a escolarização. Na instituição de ensino o educando terá a conscientização da importância da cultura através de sua convivência entre seus pares e professores. Ali aprendem a lidar com as diferenças praticando a inclusão cultural.
            Neste ponto lembro de uma das experiências vividas em uma das escolas que lecionei lá pelos anos de 1990. Agravado o problema de indisciplina e, por conseqüência, o baixo rendimento dos alunos saímos em busca de alternativas de solução. Estabelecemos junto com os alunos, uma tarefa que deu muito trabalho, a filosofia da escola.Trouxemos pessoas de fora da escola para auxiliar ativamente nas reuniões de grupos e de níveis de escolaridade. Os pais foram chamados para tomarem conhecimento da filosofia e das normas  feitas em conjunto e que seriam controladas pelo conselho de alunos,grupo formado pelos líderes de turma. Partimos para um projeto multidisciplinar onde os alunos por turma, respeitando a seriação, organizariam um seminário sobre assuntos que lhes despertavam a atenção. Os professores orientavam toda a atividade, desde gráficos, mapas, textos, cartazes e tudo mais que fosse necessário. O trabalho redobrou. Nos absorviam muito mais do que numa “aula normal”. Da química à filosofia, não houve professor que não se via convocado a participar e pelo próprio aluno. Raros alunos não participavam efetivamente no trabalho. Esquecemos por um tempo o diabólico “conteúdo programático”. A avaliação era permanente e cada professor fazia suas observações. O resultado foi do “Métodos Contraceptivos” ,das “Substâncias Químicas que você ingere nos alimentos”, “Profissões e Oportunidades” e até questões de relacionamento humano e biodiversidade.
Reunidos no salão da escola os colegas aprendiam a prestigiar e respeitar os trabalhos de seus pares. Palestrantes convidados, por eles, acrescentavam informações aos trabalhos. A mudança foi radical e proveitosa. Em outra ocasião, e por dois anos consecutivos, realizou-se de forma multidisciplinar a Feira das Nações. Foi excelente o resultado.
            Sempre defendi este tipo de atividade nas escolas pelas quais passei. A escola fazendo a escolarização e a inclusão cultural de modo multidisciplinar. Particularmente sempre trabalhei desafiando o aluno quanto a sua capacidade de produção e realização pessoal. Com paciência e respeito pelo tempo do aluno, desafiá-lo a chegar sempre mais alem, saindo da mesmice e do comodismo do “assim está bom” gera resultados. Tenho a certeza, e vou dizer o óbvio, que a educação é responsabilidade dos pais, da escola, dos gestores educacionais e dos gestores públicos. Cabe a este conjunto promover mudanças eficazes nos indivíduos. Estas mudanças devem proporcionar e facilitar o crescimento do homem e do ambiente social onde está inserido. A escola deve possuir uma visão bastante clara do meio social onde está inserida,o que esta população  quer da escola e a forma como atingir os anseios desta comunidade. Cada escola é uma identidade.Ela atende, normalmente, uma parcela social específica. Cabe a ela promover “ a expansão dos horizontes individuais, o desenvolvimento humano, além da observação das dimensões econômicas e o fortalecimento de uma visão mais participativa, crítica e reflexiva dos grupos nas decisões dos assuntos que lhes dizem respeito.”
            “Daí o ponto de partida, escolher a escola ideal é fazer uma breve análise de sua história, é entender sua cultura, sua missão, sua filosofia pesando seus objetivos e a aplicabilidade do ensino diante das especificidades e necessidades sociais.” (Giuliano Freitas)

(Renato Hirtz – maio 2012)


           

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