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Este blog tem como marco referencial a Educação.
O objetivo é ser uma fonte de informação,atualização,dicas,ponto de partida para consultas, reflexões, comentários, colaborações, histórias e causos que giram em torno do ensino, da aprendizagem, de toda a sua dinâmica e de fatos correlatos que influenciam todo este processo de alguma forma.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ainda sobre Projetos.



            Na Semana passada, minha filha participou das atividades de encerramento de um projeto na sua escola pública. Sempre que posso compareço ao dia da apresentação das conclusões destas atividades. Primeiro para prestigiá-la juntamente com seus colegas e, em segundo, por que defendo que a escolarização, por conseqüência a educação e a cultura são muito bem trabalhadas ao longo de todo este tipo de processo.
            Começa que os alunos são desafiados a construir um conhecimento diferenciado mediado pelo grupo de professores que utilizam seus conhecimentos para orientar os grupos participantes. A busca de informações seja pela consulta bibliográfica, por um processo de pesquisa ou com a intermediação de profissionais que não participam da comunidade escolar enriquecem o trabalho final. A movimentação seja dentro da sala de aula, nos laboratórios de informática, biblioteca e outros órgãos sejam públicos ou privados descaracterizam aquela aprendizagem monótona do cotidiano escolar. Por fim, os pais (lamento que sejam ainda em pequeno número) participam ou ao menos tomam conhecimento do que o estabelecimento de ensino esta propondo. Há um resultado muito produtivo nesta caminhada.
            Quando a escola trabalha com projetos integradores, multidisciplinares ou como queiram intitular, os educandos em sua totalidade e em intensidades diferentes ou não participam. Eles identificam os fatos a serem tratados, levantam problemas, elaboram hipóteses, partem para a busca de respostas (montagem e experimentação de idéias). Finalizam com argumentação sólida a apresentação final (conclusões) dos trabalhos de grupo. Na realidade estão colocando em prática todos os passos da metodologia científica. Esta metodologia não pode ficar alienada de nenhum processo nas ciências, sejam elas humanas, científicas, ou sociais. Não há assunto que a geografia fique colocada em um segundo plano. Vivemos num meio geográfico e aí entra a biologia entendendo todas as relações entre os seres vivos deste meio geográfico. E tudo isto existe por que se realizam fenômenos físicos e químicos que interferem nesta distribuição geográfica. Isto tudo para ser entendido depende da interpretação de fatos e eles devem ser relatados de formalmente através do conhecimento da Língua Portuguesa. Estas relações ocorrem  através de uma linha de tempo, facilmente explicada pela História que pode narrar os aspectos sociológicos, filosóficos e religiosos de um conhecimento que o aluno está adquirindo. E tudo isto deve ser colocado matematicamente correto seja através de gráficos ou estatísticas que proporcionarão um entendimento proporcionalmente eqüitativo sobre tudo o que o aluno aprendeu até então. E toda esta aprendizagem pode ser transmitida aos colegas, ou quem sabe publicado num blog em uma língua estrangeira que pode ser o Inglês ou Espanhol.
            Tudo isto dá trabalho e foge ao padrão de ensino estipulado pelo sistema ideológico e político que está vigente no momento ou vem que vem subsistindo através dos tempos. É a relação arcaica entre Poder e Educação. Agora, se a escola tiver bem presente sua filosofia educacional, em que tipo de sociedade está inserido, o que esta sociedade quer de sua escola, os recursos comerciais e empresariais que podem absorver seus educandos e auxilia-los na aquisição de conhecimento e principalmente o que a comunidade escolar espera desta escola o discurso para trabalhar sistematicamente com este tipo de atividade se torna irrefutável. Não que se fuja aos conteúdos programáticos, mas eles podem render muito mais em prol do alunado.
            Outro aspecto que vejo de importância são as integrações entre escolas. Estes dias tomei conhecimento, com satisfação, que a várias escolas aqui de nossa regional estão trabalhando com “conexões” entre escolas. Lembrei quando trabalhava em uma escola particular onde os alunos, através de projetos, convidavam outras escolas para participarem das apresentações que se transformavam em verdadeiros seminários. Da música a matemática os alunos se esmeravam para mostrarem seus conhecimentos aos colegas. Ultrapassavam muitas vezes suas limitações e alunos considerados “problema” ou medianos descobriam potencialidades adormecidas. Além da construção de conhecimento, a cultura crescia nos participantes que conviviam durante um turno ou dois com as diferenças entre seus pares. Outro fator era o ressurgimento do orgulho por sua escola, instância até então relegada a um segundo plano. Até hoje encontro alunos que recordam dos sábados de integração cultural e falam com orgulho de seus desempenhos naquelas atividades.
            Alguns aspectos são importantes nesta caminhada. A participação do professor é importante como mediador de todas as funções de preparação, construção e finalização de um projeto. Esta comunhão entre professor e aluno provoca uma aproximação salutar e ambos passam a se conhecer não só como mestre e aprendiz, mas como pessoas humanas que aprendem a conviver cada um com sua bagagem de experiências. Atiçar o aluno a buscar sempre mais e atingir níveis de produtividade maior daquela que ele está acostumado apresentar. Provocar o aluno a sonhar com um resultado palpável e que ele possa alcançar. Torná-lo insatisfeito com procedimentos fáceis e ativar sua capacidade de pesquisar, ir atrás e com curiosidade. Despertar no aluno o rigorismo pelas informações a serem transmitidas e sua capacidade crítica pelo que está produzindo. Por fim, tanto o professor como o aluno pode exercer seu papel político nas suas relações e nas relações com seus pares.
            Cabe a escola como um todo, nos dias de hoje e com todas as dificuldades que circundam o ato de educar e ensinar, um grande desafio. Sair da histórica mesmice e ajudar, realmente o aluno a construir um sentido para sua vida. E nada melhor do que aprender compartilhando todas as relações e desafios que irá encontrar fora dos muros escolares. E como diz Paulo Freire “Ensinar e aprender têm que ver com o esforço metodicamente crítico do professor de desvelar a compreensão de algo e com o empenho igualmente crítico do aluno de ir entrando como sujeito em aprendizagem, no processo de desvelamento que o professor ou professora deve deflagrar. (Freire, 1996, p.134).

(Renato Hirtz – maio 2012)

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