Os caminhos ou
trilhas pedagógicas
Na minha
caminhada como profissional da educação sempre argumentei que um planejamento
pedagógico eficiente deveria se basear em projetos interdisciplinares. Estes
projetos deveriam ser instigantes e permear todas as disciplinas, professores,
alunos e a comunidade em que o processo educacional está inserido. Nada mais
produtivo do que a aplicação do antigo e até hoje usado método científico.
É de comum
acordo entre todos os agentes da educação que a curiosidade é a mola propulsora
da aquisição de conhecimento e a inserção da metodologia científica na busca da
formulação de uma resposta a um questionamento leva o educando a palmilhar um
caminho lógico para elaborar sua resposta. Tendo o professor como orientador do
caminho e das alternativas de soluções do problema levantado, vai estimulando o
aluno a buscar nas hipóteses levantadas e na experimentação a avaliação de
resultados baseados na estrutura que a escola disponibiliza para chegar as suas
conclusões.
A descentralização
do poder de aprendizagem leva o professor do papel de transmissor de
conhecimentos para uma posição muito mais atuante de orientador, tal qual uma
bússola que norteia e estimula o aluno a construção de seu conhecimento. O
aluno adquire a posição de um mestre de obras colocando na prática a planta
traçada pelo seu orientador, hoje chamado de tutor educacional. Nada disso terá
o efeito desejado se não houver a interdisciplinaridade e a intersetorialidade
educacional. Ou seja, a escolarização assim realizada deverá ter a participação
de todos os professores, nas suas respectivas disciplinas interagindo e
complementando esta construção. Da mesma forma, todos os setores da escola
devem estar imbuídos desta ação colaborando setorialmente seja de forma presencial
ou digital. Da equipe diretiva que vai planejar as ações, da equipe de
supervisão pedagógica que vai gerenciar o processo, biblioteca, audiovisual,
informática que irá disponibilizar o acesso a redes sociais e internet, e por
aí vamos.
A construção
do conhecimento neste processo necessita de um fechamento. O aluno poderá ser
avaliado de forma globalizada, até por que já vivemos este processo, e não de
forma individual. Isto elimina uma forma indireta de exclusão, onde um aluno
com dificuldades em matemática tivesse uma retenção em determinada série,
apesar de demonstrar conhecimento nas demais disciplinas. Até por que
conhecimento desconhece o processo de subtração.Conhecimento se adiciona na
medida de nossa necessidade. E,por final,o aluno terá uma avaliação final onde
terá que divulgar todo o conhecimento
adquirido. Hoje,chamamos de socialização. Aqui o educando compartilha
seu conhecimento com seus pares e tutores.
Para a grande
maioria dos professores e escolas que já trabalham com projetos trimestrais ou
semestrais isto não é novidade. Têm perfeita noção de que este tipo de
atividade funciona e vai além das expectativas de um prognóstico pedagógico. O
aluno tem a chance de se descobrir e de se superar descobrindo habilidades desconhecidas e o
tutor educacional identificadas estas
habilidades reforçá-las e projetar um mais além.
Trilhas
pedagógicas é o novo nome para esta modalidade conhecida há bastante tempo e
pouco usada, pois há um volume maior de trabalho e de comprometimento no
quadrado que deveria ser perfeito com a descentralização do poder pedagógico e
a intersetorialidade: escola tutor aluno comunidade escolar. “… a cultura
escolar adquire a função de refazer e renomear o mundo e de ensinar os alunos a
interpretar os significados mutáveis com que os indivíduos de diferentes
culturas e tempos históricos dotam a realidade de sentido. Ao mesmo tempo lhes abre as portas para
compreender suas concepções e as de quem os rodeiam.” (Fernando Hernández).
Este refazer
do processo de escolarização, e consequentemente educacional, adquire uma nova
face na interpolação dos recursos físicos tradicionais da instituição (os
jornais, revistas, a aula expositiva ou presencial, as apostilas etc.) e os
recursos tecnológicos baseados nos meios midiáticos (jornal digital, redes
sociais, e-books, sites, blogs, vídeos conferências e outros tantos). Cabe à
escola como instituição de ensino saber gerenciar estes caminhos da construção
do conhecimento (ou do saber), da mesma forma o educador ser o marco orientador
do uso de todas estas ferramentas. Neste ponto, entramos em outro ponto de
discussão que é a necessidade da constante atualização do tutor de ensino para
que não caia junto com seu tutelado nas teclas Ctrl + C e CTRL + V. Ou ainda
pior, transferir os velhos e surrados textos e conteúdos programáticos para
dentro de um banco de dados e dizer que está palmilhando um novo caminho
pedagógico.
(Renato Hirtz – setembro 2012)
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